quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Pesquisa Acadêmica em Contabilidade - Reflexões e Oportunidades

Na última sexta, participei do II Seminário Internacional de Pesquisa em Contabilidade, organizada pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Os dois palestrantes, professor PhD Fielding Greg Burton, da Brigham Young University, e o professor PhD Ervin Lynn Black, da University of Oklahoma, falaram sobre a importância da pesquisa acadêmica (logicamente, focado na área contábil) para o desenvolvimento da ciência.

O professor Burton em sua palestra intitulada “The use of academic research by real people in the real world” (traduzindo: “O uso da pesquisa acadêmica por pessoas reais no mundo real”) demonstrou, amparado em números, que, quando comparada a outras áreas do conhecimento, as pesquisas realizadas na área contábil representam apenas um "grão de areia" numa imensa praia.

Porém, o ponto principal tratado pelo Professor Burton foi: Por que se realiza pesquisa em contabilidade?

Enquanto professores, nós somos muitas vezes indagados acerca disto, principalmente por alunos de graduação, que buscando entender as implicações práticas para artigos que são elaborados utilizando de métodos quantitativos complexos e de difícil entendimento por um número considerável de pessoas relacionadas a área.

O professor Burton listou 5 razões para realizar pesquisa acadêmica, trazendo as implicações da mesma para a ciência e, consequentemente, para o campo prático, são elas:

- Revelar incentivos

- Revelar se algo funcionou

 - Mudança de prática

- Fornecer uma nova ferramenta

- Fornecer fatos "interessantes"

Outro ponto levantado pelo professor Burton foi a interdisciplinaridade, onde estão crescendo pesquisas que relacionam diferentes áreas do conhecimento (contabilidade, psicologia, sociologia, economia, marketing, ciências políticas, entre outras). Esta interdisciplinaridade defendida pelo professor tem como motivo principal entender o mundo como um todo, buscando esta integração de áreas do conhecimento. Será um campo de pesquisa ainda inabitado?

O professor Black, encerrou o Seminário com a palestra "Establishing a Stream of Research in Accounting" (traduzindo: "Estabilizando a linha de Pesquisa em Contabilidade").

Durante a palestra, o professor tratou sobre diversos pontos relacionados a "vida de pesquisados", principalmente no que tange a possuir uma linha de pesquisa definida (o mesmo citou exemplos de pesquisadores como Dechow, Defond, entre outros).

Falando da realização da pesquisa em si, o professor Black trouxe algumas perguntas que devem ser respondidas (ou pelo menos refletidas) na definição de uma pesquisa e, muitas vezes, de uma linha de pesquisa a ser seguida. Tais perguntas foram:

- Como começarei a realizar minha pesquisa?

- Posso começar a pesquisar numa linha que já possui diversos outras pesquisas realizadas?

- Quais ferramentas de pesquisa utilizarei?

- Quais os benefícios e os desafios da minha pesquisa?

- Quem serão meus co-autores?

- Em qual journal publicarei?

- Quando deve trocar de linha de pesquisa ou entrar num "barco diferente"?

Por último, o mesmo listou diversos "tópicos potenciais" de pesquisa na área contábil, dentro os tópicos posso elencar alguns, como governança corporativa, desempenho/qualidade da auditoria, previsão dos analistas, comparações entre sistemas contábeis, contabilidade de países em desenvolvimento, Mensuração de Desempenho Non-Gaap (área inclusive pesquisada pelo Professor Black), problemas internacionais (tributação, inflação, auditoria, implementação de IFRS), entre tantos outros tópicos.

A área de pesquisa em contabilidade ainda está em desenvolvimento e vimos, ao longo desse post, as oportunidades que temos em tal área, principalmente com o surgimento de novas "vertentes" a serem pesquisa (tratando aqui da interdisciplinaridade). No entanto, devemos nos capacitar cada vez mais com o intuito de melhorarmos a pesquisa contábil e sonharmos em um dia fazermos frente junto a outras áreas do conhecimento mais desenvolvidas (em termos de pesquisa) do que a nossa.